POEMA 6: O INVISÍVEL
Ó tempo insatisfatório!
Por que tens-me como mero personagem?
Posso sustentar-me diante de tanta desventura?
Quais as tentações ainda me trazes?
E algo inesperado acontece!
Não vejo mais a fera,
Nem ela pode mais alcançar,
O meu calcanhar de Aquiles.
Por eu já ter sido levado,
Seja lá por quem, não disse o nome,
E com sua confiança inabalada,
Mostrou-me as diversas flores.
E no meio delas,
A doçura que me faz parar,
A mocidade em forma humana,
Porém, não revela-se o seu ser.
Se és, porventura, angelical,
Como poderei saber?
Mesmo que eu soubesse,
Posso eu, por gentileza, me atrever?
Atrever-me a banhar-me em ti,
Quando não vivo para poetizar,
Essas eternas constelações,
Que há tempos...venho desejar!
Sim, sim! Estavas lá, e nunca abandonarias-me!
Por vastos lugares, acredito que estivesses,
Até nos meus momentos incômodos,
Onde o adormecer é a parte que morro.
Um invisível, do jeito sensível,
Somente quer uma brecha,
E nela ter-te por minha miséria,
A candura a qual me desmonto.
Desmonto-me por completo e,
Assim, tenho a chance de redimir-me.
Desvelando meu espírito,
De pra sempre não existir.
Hoje, percebi o quão mágico encontras-te!
Tecendo dentro de tua aura,
A capa iluminada com as luzes,
Daquele sol que, muitas vezes, enaltece-te.
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