POEMA 5: 777
Diz-me que a paragem é a “purificação das partes”,
Sendo que eu somente livrar-me-ia,
Se restabelece-se o essencial do mistério,
Corrompido pelo desejo a guiar os homens,
Pelo sacrilégio desferido, contra a verdade e a vida.
Então, eu a vejo desaparecer, e perto de mim,
Uma espada que flameja ao tocar-lhe,
No instante a qual tenho-me por presa,
Não consigo enxergar a minha própria face.
Forjada pela escuridão,
Que ouvir a lâmina que corta a carne,
Dizer-me ser a mais pura ilusão,
Aquela que surgiu com seu sombrio olhar.
Embriago-me de frutos podres,
Que caem das árvores ao meu redor,
Onde os Cavaleiros das Trevas se escondem,
Deixando rastro de decadência por todo o lugar.
E novamente, quero voltar a ser uma alma,
Que não tenha em si, a errante caminhada,
De uma sangrenta existência determinada,
Pelos erros de um passado, apoderar-se dos sonhos.
Enquanto ergo-me da mata molhada,
Fecho-me no meu interno sinistro,
Contemplo os traços imaculado,
Da mulher a consumir o interior do meu abrigo.
Porém, nada fui capaz de ver,
Somente um livro aberto numa página,
A estar dobrada no 777 do infinito,
Enquanto desejo a poesia mais que tudo.
Ouvi de longe uma voz,
Dizendo-me o que isso significa:
Ter o objetivo de se manter intacto,
Para não desistir daquilo que te priva,
Encontrando-se com a musa que te acompanha.
Corro...corro...e como corro!
Apressadamente em direção aos montes,
Sempre tendo o barulho do riacho,
Como uma pequena e inesgotável fonte.
Eis que cansado, paro!
Percebo ter um animal à minha frente.
É um cavalo místico a encarar-me,
Cuja asas são brancas como as dos anjos.
Ó tempo insatisfatório!
Por que tens-me como mero personagem?
Posso sustentar-me diante de tanta desventura?
Quais as tentações ainda me trazes?
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