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Foto do escritorRicardo Oliveira

Capa Negra - Temporada 1 - Pairagem Sombria - Poema 5



POEMA 5: 777

Diz-me que a paragem é a “purificação das partes”,

Sendo que eu somente livrar-me-ia,

Se restabelece-se o essencial do mistério,

Corrompido pelo desejo a guiar os homens,

Pelo sacrilégio desferido, contra a verdade e a vida.


Então, eu a vejo desaparecer, e perto de mim,

Uma espada que flameja ao tocar-lhe,

No instante a qual tenho-me por presa,

Não consigo enxergar a minha própria face.


Forjada pela escuridão,

Que ouvir a lâmina que corta a carne,

Dizer-me ser a mais pura ilusão,

Aquela que surgiu com seu sombrio olhar.


Embriago-me de frutos podres,

Que caem das árvores ao meu redor,

Onde os Cavaleiros das Trevas se escondem,

Deixando rastro de decadência por todo o lugar.


E novamente, quero voltar a ser uma alma,

Que não tenha em si, a errante caminhada,

De uma sangrenta existência determinada,

Pelos erros de um passado, apoderar-se dos sonhos.


Enquanto ergo-me da mata molhada,

Fecho-me no meu interno sinistro,

Contemplo os traços imaculado,

Da mulher a consumir o interior do meu abrigo.


Porém, nada fui capaz de ver,

Somente um livro aberto numa página,

A estar dobrada no 777 do infinito,

Enquanto desejo a poesia mais que tudo.


Ouvi de longe uma voz,

Dizendo-me o que isso significa:

Ter o objetivo de se manter intacto,

Para não desistir daquilo que te priva,

Encontrando-se com a musa que te acompanha.


Corro...corro...e como corro!

Apressadamente em direção aos montes,

Sempre tendo o barulho do riacho,

Como uma pequena e inesgotável fonte.


Eis que cansado, paro!

Percebo ter um animal à minha frente.

É um cavalo místico a encarar-me,

Cuja asas são brancas como as dos anjos.


Ó tempo insatisfatório!

Por que tens-me como mero personagem?

Posso sustentar-me diante de tanta desventura?

Quais as tentações ainda me trazes?


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