POEMA 1: MISTÉRIO E PODER
Quem vai me ouvir,
Neste amanhecer,
Que distância-se,
Dos lábios a não me pertencer.
Já convenci-me que,
Não posso ter-te, assim,
Com o meu rosto a mostrar,
A verdade de sua cicatriz.
Nem sua a voz,
A cantar pra mim,
O mistério e o seu poder,
De encantar os serafins.
Quem poderá dizer,
Quão doce és aqui,
Neste mundo inteiro,
A culpar-me até o fim.
Em sonhos, outra vez,
Ver-te é-me um dom,
Pois pousas sem destino algum,
Renascendo como um novo ser.
Enquanto tomas a forma,
De uma alma que brilha,
Sentada num banco de uma praça,
Existente só dentro de quem sou.
Eu, porém, ando naquele breu,
Com a máscara que me foi dada.
Isso para não adorar-te de candura,
Afastando-me dos portões do céu.
E indaga-me a poesia,
Se por acaso, não apaixonar-me-ia.
Digo a minha menina, que essa questão,
Nunca tomará parte da minha vida!
Somente os seus olhos,
São ardentes como as chamas,
Mas que não penetram no corpo,
Por teres compaixão de quem amas.
No entanto, não é de ti que estou a fugir!
E sim, desta moça que inflama-me,
Inesperadamente, sem vir me pedir.
De uma floresta simbólica,
Privando-me de uma dor,
Cuja realidade não quer mentir.
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