Capítulo 2: ENTRE O GREGORIANO E OS PICTOS 03/06/2023.
SEUS OLHOS ESVERDEADOS
Diante do jovem, Ella sentiu que seu peito latejava, e que sua boca ficará deveras seca demais. Não era o clima, pois a temperatura era agradável, e o sol sobre as Terras Altas, faziam com que o lugar ficasse mais belo. Já para Williams, o encontro com a donzela, a qual nada, ainda sabia a respeito, despertou cânticos poéticos e gregorianos, dos quais jamais sentira.
-Eu tenho que seguir o meu caminho, Padre!-Disse, estando ofegante demais.
-Mas, eu ainda não sei o seu nome, sacerdotisa!-Ele indentificara sua função, pela gargantilha que utilizava.
-Como sabe que sou uma sacerdotisa do palácio?-Surpreendeu-se, pondo as mãos contra o peito que não parava de arfar.
Padre Williams deu um passo para trás, pois entendera que ao estar próximo dela, iria desencadear algo que ele não desejava. Os desejos eram-lhe expressivamente proibidos pela sua Ordem, e pela vocação que tanto fazia-lhe viver sagradamente.
-Pela sua gargantilha, que traz o símbolo dos pictos.-Engoliu a seco.
Os pictos eram povos de língua celta, que viviam nas atuais regiões do norte e do leste da Escócia, durante a idade do Ferro britânica e os primeiros períodos medievais.
-Ah, sim!-Expressou, pegando no símbolo que carregava consigo.-Quer dizer que és um estudioso do povo celta?-Questionou-o, sorridente.
-Depende de qual ângulo você está vendo!-Sorriu de canto da boca.
Ella não entendeu o enigma que o Clérigo havia acabado de falar.
-Meu nome é Ella!-Respondeu, sem pensar em nada.
-Preciso ir também, tenho uma Missa para celebrar na Igreja Santo Estevão.-Deu um passo para o lado, a olhou nos olhos, e completou.-Você não é de longe, muito fã de celebrações católicas, não é?-Nisso, a deixou com o inquérito em aberto.
Olhando para trás, seus olhos esverdeados queriam mais do que precisavam. As profundezas do inesperado colóquio, veio como uma enxurrada de meteoros em sua mente, mexendo com suas crenças, e cutucando os sentimentos. Então, seguiu seu rumo para a “sala dos CRTA” - Conselheiros Reais das Terras Altas, onde iriam discutir a respeito da “FAC” - Festa Anual das Colheitas. Lá, produziam batatas e cereais.
IGREJA SANTO ESTEVÃO
Ao pisar os seus pés na Igreja de Santo Estevão, onde o ar medieval lhe inspirava constantemente, viu que um homem vestido de uma túnica preta e sobrepeliz de color alva, o aguardava, frente ao imponente altar.
-Pensei que não virias hoje!-Enunciou abrindo os braços.
-Se não querias-me aqui, poderias ter, pelo menos, comunicado-me antes da minha eventual chegada!-Deu uma risada debochada, e o abraçou como velhos amigos.
Depois do abraço, eles sentaram-se no banco, e começaram a conversar sobre o processo de apresentação à comunidade. Como novo sacerdote, isso teria que ser feito urgentemente.
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